Superávit comercial em 2023 deve cair, mas se manter ‘expressivo’, apontam especialistas

Como janeiro é um mês ainda de pouco volume comercial, especialistas apontam que o mês ainda não marca ainda tendências para o ano.

Marta Watanabe – Valor Econômico

Os dados da balança comercial de janeiro mostraram um superávit de US$ 2,7 bilhões, resultado melhor que o pequeno déficit de US$ 58,7 milhões em igual mês do ano passado. O resultado não muda as estimativas de especialistas de que o superávit comercial de 2023 seja menor que o do ano passado, embora em valor ainda “expressivo”. Como janeiro é um mês ainda de pouco volume comercial, apontam, não marca ainda tendências para o ano.

Os dados da balança comercial divulgados esta tarde pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) mostram que as importações somaram US$ 20,4 bilhões, com queda de 1,7% na média por dia útil em relação a igual mês do ano passado. Já as receitas de exportação alcançaram US$ 23,1 bilhões, com alta de 11,7%, sob mesmo critério.

Welber Barral, sócio da BMJ e ex-secretário de comércio exterior, diz que a sazonalidade do mês de janeiro torna comum déficits ou superávits baixos. “É um período atípico, com pouca exportação de grãos, por exemplo, e certa redução da atividade econômica.” Para ele, o superávit comercial deste ano deve ficar próximo a US$ 50 bilhões, abaixo dos US$ 61,8 bilhões do ano passado, mas ainda assim um resultado “importante”.

O resultado deve ser influenciado por uma acomodação de preços de commodities importantes para a pauta de exportação brasileira, dado principalmente pela desaceleração da economia mundial. O que pode reduzir esse saldo, diz Barral, seria uma reação maior que a esperada da demanda doméstica no segundo semestre, o que aceleraria as importações. Por enquanto, o que está no radar, diz ele, é um crescimento baixo da economia doméstica, com alta de PIB entre 1% e 1,2% este ano.

Fabio Silveira, sócio da MacroSector, tem análise parecida. Ele destaca que as trocas internacionais caminham para uma relativa normalização dos fluxos de comércio em 2023, com maior assimilação relativa dos efeitos da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Para ele, as exportações brasileiras podem avançar em 2023 em relação ao ano passado, mas com queda de preços médios nas commodities. Os preços médios das importações devem cair, mas em ritmo menor que os dos embarques. O volume de importação pode aumentar, avalia, já que a economia brasileira irá manter crescimento, embora com desaceleração. Silveira estima alta de 1,3% para o PIB do país em 2023.

A consultoria espera US$ 350 bilhões em exportação e US$ 300 bilhões em importações, com superávit de US$ 50 bilhões em 2023. Trata-se de um superávit “bastante expressivo” com boa contribuição para o setor externo, avalia Silveira. Para ele, o setor externo deve garantir relativa tranquilidade ao quadro geral brasileiro, apesar das incertezas no cenário doméstico relacionadas à definição do novo arcabouço fiscal e ao ajuste das contas públicas do governo federal.

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