Risco Brasil, investimentos e câmbio pressionado

Entrevista com o sócio-diretor da MacroSector, Fabio Silveira, para o Notícias Agrícolas em 15/02/2017
 
Na quarta-feira (15/02), o dólar encerra o dia na casa dos R$3,05. O movimento de valorização do real está sendo visto nos últimos meses, com uma grande entrada de moeda estrangeira no país. De acordo com Fabio Silveira, sócio-diretor da Macrosetor Consultores, há alguns fatores em vista que colaboram para este volume.
Um desses fatores é o saldo comercial que o Brasil vem gerando mês após mês, o que faz com que sobre mais dólares do que o Brasil gasta, já que o país exporta muito e importa pouco. O outro é a expectativa em torno do governo em exercício, que traz uma política pró-mercado e leva os investidores internacionais a terem maior interesse pelo país.
Com isso, a percepção de risco no mercado internacional em relação às contas públicas não é grande, deixando a entender que o Brasil será capaz de resolver esses problemas. Para Silveira, este é um quadro que irá se manter nas próximas semanas e meses até meados do ano. Com isso, o Banco Central, na opinião do economista, deveria ingressar no mercado de câmbio e regular a moeda para que ela não fique tão forte.  Ou seja: Silveira sugere que não seja trabalhado apenas o controle da inflação, mas também o incentivo às exportações, o que considera fundamental para recuperar uma economia em recessão.
Em relação a outras moedas, o real realiza o movimento contrário. Assim, este fator pode ser capaz de diminuir ainda mais a competitividade brasileira nas exportações. Para Silveira, uma diminuição nas vendas externas também diminuiria o ritmo de crescimento e sustentação da economia.
O Risco Brasil vem caindo, no entanto, o cenário político ainda inspira preocupação. “Se for feita uma avaliação das condições políticas de maneira transparente e justa, os investidores e mercados de maneira geral vão avaliar bem o Brasil, mas o risco político sempre vai existir enquanto não houver transparência”, destaca.