PIB do 1º tri pode trazer recessão técnica, diz economista

Para Fabio Silveira, período de janeiro a março deve repetir desempenho do trimestre final do ano passado; IBGE fala em sinais de estabilidade.

Por Marta Watanabe, Alessandra Saraiva e Lucianne Carneiro, Valor — São Paulo e Rio

O primeiro e o segundo trimestres de 2023 devem mostrar ainda fraqueza de atividade, com possível recessão técnica, diz o economista Fabio Silveira, sócio da MacroSector. Para ele, o primeiro trimestre de 2023 deve ter nova queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,2% em relação aos três meses anteriores, com ajuste sazonal.

Caso se concretize, haveria recessão técnica, que é dada por dois trimestres seguidos de perda de PIB. De outubro a dezembro houve queda também 0,2%, ainda na comparação contra os três meses anteriores, conforme divulgado esta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para Silveira, o período de janeiro a março deve repetir o quadro do último trimestre do ano passado, com atividade mais impactada pela política monetária. Para 2023, o economista espera expansão de 1%, com forte desaceleração ante o crescimento de 2,9% de 2022, conforme o IBGE. A atividade, avalia, deve ter queda no primeiro trimestre e andar de lado no segundo trimestre. “Vamos fazer a travessia do deserto, com economia fragilizada.”

A recuperação, diz, deve vir no segundo semestre, como “efeito benéfico” de esperada queda de taxa de juros tanto no cenário global como no doméstico, embora o efeito maior de condições mais favoráveis de política monetária deva vir somente em 2024.

O economista projeta Selic de 12% ao fim de 2023 com melhora da curva da inflação, que, diz, deve apresentar taxas “mais benignas” nos próximos meses. De fevereiro a abril, projeta, a variação da inflação pelo IPCA deve ficar abaixo de 0,4% mensais. Ao fim do ano, o indicador deve fechar pouco acima de 5%.

IBGE vê estabilidade
A economia brasileira apresenta sinais de estabilidade nos resultados do quarto trimestre na maioria dos segmentos, tanto na ótica de despesa quanto na ótica da produção, disse a coordenadora de Contas Nacionais do Rebeca Palis.

Ela pondera que a queda de 0,2% no quarto trimestre ante o terceiro é muito próxima de zero, assim como a de outros segmentos dentro do PIB, e devem ser consideradas como estabilidade.

Como sinais de estabilidade na atividade, dentro do PIB, ela citou como exemplos como as variações no PIB de agropecuária (0,3%); indústria (-0,3%); e serviços (0,2%), no quarto trimestre ante terceiro trimestre, pela ótica da produção. Pela ótica de despesa, citou as variações, no mesmo período de comparação, em consumo das famílias (0,3%) e consumo do governo (0,3%).

“Essas taxas são muito baixas. Não representam crescimento ou queda são muito perto de estabilidade [zero]”, resumiu a técnica.

Ao ser questionada de a estabilidade na economia, no quarto trimestre de 2022, seria primeiro passo de um processo para a economia voltar a cair, ela foi taxativa. “Não tem como afirmar isso” disse. Ao mesmo tempo em que frisou que o IBGE não faz projeções, a especialista lembrou que a economia brasileira é “dinâmica”, sendo afetada por vários fatores internos e externos. Ela citou como exemplos os impactos inesperados, no PIB brasileiro nos últimos anos, da pandemia por covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

No entendimento dela, fica “difícil para qualquer um prever” andamento da economia brasileira, tendo em vista a possibilidade de tantos fatores imprevisíveis a influenciar cadência da economia brasileira. Mas notou que as pesquisas de indicadores conjunturais mensais, do IBGE, podem ser usadas por analistas para tentar visualizar indicativo do que está acontecendo na economia.

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